O novo preto é o preto, o rosa, o branco, ou talvez o azul
marinho... o "novo" novo é o que quer que a gente queira usar, a
próxima tendência é ser de verdade, a próxima revolução é a da simplicidade. Be
ready!
A indústria de fast fashion revolucionou a moda como se
conhecia, deu ao alto luxo um valor palpável, trouxe o imediatismo que tanto
sonhavam fashionistas, de L.A. à Shangai, entregando semanalmente, em rede e
por preço de banana, do minimalismo esportivo de Stella ao grunge de Dries Van Noten, passando pelas ombreiras de Balmain.
Tudo velho, tudo passou. Claro. A chegada galopante às lojas fez
tendências que antes duravam ao menos 6 meses passarem a durar 6 dias. Qual é o
próximo "próximo", ansiavam as bloggeiras de moda, ávidas a
desfilarem seus modos e "modas" aos olhos de todo mundo, pessoas
"normais" ganhando seus 15 minutos pelo estilo e habilidade de juntar
1 + 1.
E o mundo todo, em troca, consumia, a "originalidade",
a cópia (que finalmente poderia ser encontrada nas lojas mais próximas) o
"estilo", e principalmente, a possibilidade de atenção pública fácil.
As tendências prontas de hoje, até amanhã, até a próxima, todas juntas, toda
iguais.
Mas peraí, alguma coisa se perdeu nessa história: a Moda.
A moda, não enquanto peça descartável, enquanto
"roupa". A Moda enquanto revolução de costumes, enquanto forma de comunicação,
como diferenciador essencial do indivíduo e suas idiossincrasias. E sim, isso é
importante. No mais, viramos todos colegiais uniformizados na escola, coibindo
a força das nossas personalidades em prol de uma igualdade que não há.
Não somos iguais em pensamentos, comportamento e história, ainda
bem, mas nos tornamos. Todos iguais na vontade desmedida de parecer mais que
ser, de ter mais que precisar, de "precisar" o que não se precisa.
Enquanto isso, as grandes maisons de moda fecham as portas, e os
poderosos alicerces do mercado de fast fashion começam a balançar. Agora se
descobriu o e-bay e a peça recém saída do fornecedor direto na porta de casa
pelo preço que vale, pela qualidade que tem, pela durabilidade que o desejo
contemporâneo impõe. Bem pouco.
O que se vê adiante é bem claro, o caminho inverso, como foi
mostrado em toda história, como sempre será. Saturados de tanto o mundo volta
ao simples.
E a revolução do simples já começou. O desejo de menos, o alívio
pelo menos. Menos roupa, menos peças, menos coisas. Mais tempo, mais qualidade
com o que se tem.
O mundo parece pedir uma casa no campo. Natural. Não cabe mais
informação, não cabe mais tanto conteúdo, não cabe mais "tanto" em
nossas vidas. Pelo simples fato de não haver o que se fazer com tanto.
E a moda, bem, a moda um dia voltará a ser só o que era.
História, cultura, comunicação.
Vamos todos desejar uma máquina de costura, aonde fazer com as
próprias mãos as próprias peças, sob medida pra nossas vidas, hábitos e
personalidades. Com tecidos naturais e duráveis, e a forma que se desejar.
Peças únicas pra pessoas únicas.
O próximo novo vai ser bem antiguinho, mas sem o cheiro de mofo
dos brechós, com perfume de exclusividade e ineditismo... com cheiro de
novidade.
Até o próximo novo, é claro.